terça-feira, 21 de julho de 2009

Entrevista de Bob-x ao Enraizados sobre a Mixtape


Por qual motivo se decidiu criar a Mix Tape império?
Queria muito um novo registro de musicas novas antes do meu segundo Cd, então quis lançar essa Mix Tape toda ela com participações, tem nomes já conhecidos no hip hop como Slow da BF, Funkero, Loco, entre outros, mas priorizei trazer novos talentos, alguns nunca entraram em estúdio. Trazer uma renovação, Mc´s que você conhece com Mc´s que você nunca escutou antes, mas com uma técnica já muito apurada pra fazer Rap. Eu quis trazer um equilíbrio, cada musica explora o estilo de cada um e nem todas as musicas eu canto algumas faço o refrão outras nem isso...

Não digo que isso seja só uma integração, mas digamos que é relatar também momentos da minha carreira como rapper que participei antes e de outros que admiro, mas não tivemos a chance de fazer nada juntos. Então segui uma coisa mais diferente da linha que eu abordo, uma linguagem mais poética e mais rimada, foi assim que eu apareci no Rap. Já essa Mix Tape é mais forte no sentido de ser mais desabafo e eu me sentir mais maduro escrevendo mais cru.

Depois dessa Mix Tape Império vem um Cd chamado "Essência", que traz uma linguagem mais poética novamente e não terá muitas participações.

Porque unir o trabalho de artistas independentes, dos guetos e subúrbios a cena hip hop nessa mixtape?
Bem seguindo o formato de Mix Tape, ela é como falamos no Hip Hop mais "Ruas", ela tem o titulo de Império, mas não quer dizer que eu esteja montando um império pra ser o melhor, não é essa a intenção e sim um termo criado sobre você "levantar sua vida", dar a volta por cima, se você está sem emprego, levante e corra atrás; se você perdeu alguém, supere isso a vida continua; se você perdeu alguma coisa, alguém ou não tem nada, monte seu império entende?

Pra falar a verdade eu vejo que o Rap de gueto e Subúrbio está perdendo espaço para quem tem como investir e estar sempre nos eventos importantes etc, essa Mix Tape tem Mc´s que não se falam mais e estão participando a pedido meu, essa Mix Tape tem Mc´s que tem um ano de Rap, essa Mix Tape presta homenagem a um Mc´s muito talentoso chamado Egberto. Ele foi assassinado e não teve a chance de ver o projeto na rua, enfim, quis colocar um pouco do que é o Rap e Hip Hop que veio dos guetos e subúrbios para os guetos e subúrbios.

Quem participou e como esses foram selecionados? Já tinha um contato anterior com eles?
Sim, sim, alguns sempre nos esbarrávamos em alguns eventos e outros conheciam o meu trabalho e eu os deles, mas nunca paramos pra conversar. Eu quis trabalhar com produtores que pra mim são muito bons e tem muito talento, como o Vanone, Mr Brek e Dino. Depois que eu estive com as produções fui separando e vendo as participações que se adequavam ao estilo de base por já conhecerem a forma de rimar de cada participante, e assim ter o melhor de cada um em cada faixa. Tive participação de Slow da Bf, Funkero, K-bide, Faísca,TNT, Romeu R3, Mr Ronney, Bombatta, Fael, Kelson, Sauro, Nyl do BDO Mc´s, Familia Labuta, Egberto (RIP), Loco, Dino, Pissicopato, Skahlah de New York.

Qual a diferença deste trabalho para que fez anteriormente?

Os trabalhos anteriores não são tão agressivos que essa Mix Tape.

Qual a função o Hip Hop ocupou em sua vida? Como foi o pro cesso de entrada nesse universo?

Quando o Hip Hop entrou na minha vida, fez com que eu me tornasse um homem respeitando e tendo sede de conhecimento, aumentando meu apetite por informação e cultura e eu tinha 16 quando comecei a lapidar algumas letras e isso me ajudou muito a não seguir outros caminhos errados.

Acredita que o Hip Hop seja uma válvula de escape para as pessoas que vivem a margem da sociedade e precisam mostrar seus pensamentos e convicções?Por quê?

Sim, acredito plenamente nisso, eu tive provas fortes disso e acredito que é uma forma dos jovens terem mais a atenção e vontade de se expressarem falando das suas realidades, uma espécie de terapia sócio-cultural .É onde o Hip Hop e outros meios estão mais fortes como nos subúrbios e guetos.

Qual o papel o Hip Hop ocupa na sociedade atual? Sua Mix Tape trata um pouco disso?
Bem, vejo o nosso Hip Hop mesmo com pouco apoio e com um cenário menor que deveria ter das indústrias é muito focado com a Sociedade humilde e não deveria ser diferente pelo fato dele vir de lá, minha Mix Tape aborda totalmente isso, ela é focada em oportunidades, em você dar a volta por cima e dar continuidade da melhor forma a sua vida, mesmo com diversidade e traz em 99% rappers que vivem a dificuldade na pele.

Existe algum tipo de confusão na forma em que as pessoas e a mídia muitas vezes vêem o Rap? Qual seria essa?
Sim, existe sim, na hora de consumir como música a indústria acaba achando não vantajoso investir pesado, porque algumas pessoas conhecem por alto o nosso Rap nacional e não reparam a diversidade que ele tem, mas também vejo uma melhora em relação a isso, até por parte dos rapper e produtores do meio trazendo um rap com mais diversidade e sem perder o compromisso q ele tem, vindo da velha escola.

Como artista qual a importância de se fechar parcerias no Rap?
Acho de suma importância, até para se caminhar eu particularmente tenho participações em muitos álbuns, como do DMA,TM CLÃ, SKAHLAH de New York, Mc K-bide e recentemente o novo cd do Familia Kponne, entre outros não menos importantes. Acho que é uma troca e não vejo só parcerias de Rap com Rap, mas sim com outros estilos, como rap com Jazz ou por que não Rap com Funk e Samba, acho que a musica não deve se prender a estilos fixos ela é mais que isso e estou fechando ótimas e diferentes parcerias para meu próximo Cd, "Essência”, que vem depois dessa Mix Tape.

Qual relação tem com Cabal atualmente? o que te levou a fazer uma musica para ele?
Esse assunto já foi esclarecido e da minha parte não tem mais treta nenhuma.

entrevista original no site : www.enraizados.com.br